IN MEMORIAM

ANDORINHA
Minha História
A COVID-19 levou mais um grande artista do repentismo brasileiro: José Saturnino dos Santos.
José Saturnino dos Santos era um pernambucano de São Bento do Una, município distante cerca de 200 km da capital pernambucana, Recife.
Vamos ao que interessa: Esse José foi, simplesmente, o nome que deu nome o codinome Andorinha, conhecido no mundo mágico da cantoria.
Andorinha cantador, repentista de viola mágica encantou-se no dia 12 de agora. Março.
Dia em em que completava 77 anos de idade.
Vítima da COVID-19, Andorinha acreditava profundamente na vida. E nas pessoas. E em tudo que é bom, na vida. Era decididamente um humanista. Nunca fez mal a ninguém. Sempre achava graça até onde graça não havia.
Andorinha chegou em São Paulo em 1971.
Andorinha e Sebastião Marinho
Parceiro fidelíssimo do paraibano Sebastião Marinho, Andorinha passou toda a sua vida tentando entender a vida nordestina, a vida brasileira.
Andorinha, como Sebastião, foi um cantador perfeito. Brincalhão e sério, nas verdades e mentiras que identificava no cotidiano.
Vozeirão de Andorinha trazia pra si o canto de todos os pássaros. E assim fazendo encantava-nos.
Era grande. Mesmo.
Sebastião Marinho, lembrando Andorinha disse: "estou sofrendo, sofro com o desaparecimento do meu amigo Andorinha. Formamos dupla durante mais de 30 anos. Nunca brigamos. Nunca nos desentendemos. Gravamos discos. Nos apresentamos em todo canto".
Ao falar de Andorinha, Sebastião lembrou outra perda recente do mundo da cantoria: João da Silveira.
Emocionado, Sebastião ainda lembrou que o mundo da cantoria perdeu, numa semana, Andorinha e João da Silveira.
João da Silveira, paraibano de Guarabira, a mim foi apresentado há uns vinte tantos anos pelo próprio Marinho. Detalhe: esse João chegou a cantar, à viola, até com José de Melo Rezende.
Melo Rezende, além de cantador, era natural de Guarabira e autor do folheto clássico O Pavão Misterioso.
Andorinha que conheci há sei lá quantos anos deixa-nos muita saudade.
Fonte conteúdo

SEBASTIÃO MARINHO
Minha História
O Repentista paraibano Sebastião Marinho respirava a sonoridade do repente e a sua poesia na infância. De família de agricultores tinha como brincadeira de criança o desafio do repente.
Aos vinte anos colocou a viola no saco para encontrar o seu destino de cantador de Viola. Começou a tocar na cidade de Solânea – PB e chegando Campina Grande – PB que era nos anos 60 o seleiro cultural do interior da Paraíba. Depois para João Pessoa e outros Estados nordestinos. Chegou a São Paulo em 1976 para participar de um encontro da Semana Nordestina e fixou residência até os dias atuais.
Sebastião Marinho fundou em 1988 a associação UCRAN – União dos Cantadores, Repentistas e Apologista nordestinos por vê a dispersão dos Cantadores, Repentistas em São Paulo. Sebastião participou de vários eventos e projetos envolvendo os Repentistas e Cantadores e comenta que em São Paulo tem poucos repentistas para a quantidade de espaços para trabalhar, mas alerta aos artistas que o profissionalismo e o estudo dos conceitos musicais são importantes nos dias atuais.
Sebastião Marinho lançou mais de dez discos de repente para registrar o melhor de sua obra com os parceiros: Andorinha, Mocinha de Pacira, João Quindingues, Coriolano Sergio, Antonio Maracajá, João Cabeleira e Luzivan Matias. Ele lamenta que hoje os cantadores estão fazendo poucos versos de improviso, a maioria para agradar ao público já trazem os versos feitos em casa para o salão.
Fonte conteúdo